Pena de morte confirmada no caso do ataque incendiário à Kyoto Animation.

O processo judicial do ataque incendiário ao Estúdio 1 da Kyoto Animation em julho de 2019 chega ao fim com a desistência do recurso do perpetrador condenado, Shinji Aoba.
Conforme anunciado pelo Tribunal Superior de Osaka, o homem de 46 anos retirou seu recurso em 27 de janeiro de 2025 contra a sentença de morte imposta em janeiro de 2024, tornando assim a pena definitiva.
A decisão foi precedida por um julgamento de quatro anos que se concentrou intensamente na questão da responsabilidade criminal do réu.
Fundamentação da Sentença
O Tribunal Distrital de Kyoto sentenciou Aoba à morte em 25 de janeiro de 2024, após 32 dias de audiências. A promotoria já havia exigido a pena máxima em dezembro de 2023, enquanto a defesa pedia absolvição ou atenuação da pena devido à alegada responsabilidade diminuída.
O tribunal rejeitou este argumento, enfatizando que Aoba "reconheceu claramente o alcance de suas ações" durante o crime.
Laudos forenses e depoimentos de testemunhas comprovaram que o réu havia planejado o crime por meses. Ele adquiriu 40 litros de gasolina, transportou-a para o estúdio com um carrinho e incendiou deliberadamente o edifício durante o horário de funcionamento.
Dos 70 funcionários presentes, 36 morreram e 32 sofreram ferimentos graves. Um transeunte também sofreu inalação de fumaça.
Reações das Famílias das Vítimas
Parentes das vítimas expressaram sentimentos ambivalentes sobre a decisão. O pai de um animador assassinado afirmou: "Sua morte não pode compensar 36 vidas. Mas talvez sua desistência finalmente reflita responsabilidade."
Uma mãe declarou de forma objetiva: "Com 36 mortes, há apenas uma punição apropriada." No entanto, ambos concordaram que a prevenção de futuros atos de violência deve ser priorizada.
A própria Kyoto Animation absteve-se de fazer declarações. Representantes legais da empresa referiram-se a "processos em andamento e à necessidade de respeitar os afetados".
A reconstrução do estúdio foi concluída em 2020, e a contratação de pessoal foi retomada já em julho do mesmo ano – um sinal de resiliência.
Implicações Médicas e Éticas
Dr. Takahiro Ueda, que prestou atendimento médico a Aoba após o incêndio, comentou sobre o caso em um documentário transmitido em 2023. Apesar da gravidade das queimaduras de Aoba e das longas fases de reabilitação, o médico viu sinais de remorso: "Suas declarações sugeriam que ele compreendia as consequências."
No entanto, Ueda enfatizou que a recuperação física não pode absolver a culpa moral.
O caso gerou debates no Japão sobre padrões de segurança em empresas e como lidar com criminosos com distúrbios mentais. Críticos reclamaram que sinais de alerta, como as repetidas cartas de ameaça de Aoba ao estúdio, haviam sido ignorados.
Conclusão – Clareza Judicial como um Passo para a Reconciliação
Com a decisão final do veredito, um capítulo se encerra, tendo um impacto duradouro no sistema judicial e na sociedade japonesa. Como observou o Dr. Ueda: "A reflexão deve ir além do caso individual – caso contrário, as lições permanecerão sem uso."
As famílias das vítimas, enquanto isso, exigem que a memória e a prevenção caminhem juntas para evitar tragédias semelhantes.
Fontes: NHK News Web, Hachima Kikō, Registros judiciais do Tribunal Distrital de Kyoto.